«Repetição e plagiotropia, a presença da leitura na escrita», comunicação

O colóquio, organizado pelo Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa Faculdade de Letras da Universidade do Porto, realizar-se-á online entre 23 e 25 de novembro de 2022

Realiza-se nos próximos dias 23 e 25 de novembro de 2022 o colóquio online “Poesia Expandida: Poéticas e Políticas da Repetição“, organizado pelo Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa Faculdade de Letras da Universidade do Porto. O encontro procura refletir sobre o conceito de repetição no quadro das poéticas expandidas do tempo presente:

«A história da poesia é uma história da repetição. A repetição sempre esteve presente na poesia, não só através dos mecanismos repetitivos da própria linguagem, mas também por meio da métrica, rima, estrutura, aliterações, anáforas, paralelismos, entre outros tipos de repetição de natureza estrutural, fonética, retórica ou lexical. Por outro lado, a repetição revela-se também fundamental para entender os períodos e movimentos literários e as relações que estes estabelecem entre si. A esse respeito, importa enfatizar como até os discursos das vanguardas, com a sua proposta de variação radical, se ligaram com frequência a períodos históricos anteriores. Num certo sentido, o que estes poetas e artistas propuseram foi recuperar e reconfigurar o trabalho dos seus precursores através de um gesto crítico de repetição variacional».

https://ilcml.com/poesia-expandida-poeticas-e-politicas-da-repeticao/

Terei o prazer de participar no colóquio com uma comunicação intitulada «Repetição e plagiotropia, a presença da leitura na escrita», onde, a partir da definição de Haroldo de Campos da plagiotropia em O Arco-íris Branco (1997), das reflexões de Jerome McGann sobre a textualidade em The Textual Condition (1991) e de Manuel Portela sobre a intertextualidade em Literary Simulation and the Digital Humanities (2022), o pretendo pôr em paralelo os processos de escrita de Fernando Pessoa, Jorge Luis Borges e Enrique Vila-Matas por meio da relação leitura-escrita. A plagiotropia (do grego, plágios, oblíquo, que não é em linha reta) seria, para Campos (1997, p. 49), a derivação oblíqua ou ramificada que descreve “o desenrolar do processo literário como releitura ‘polifónica’, antes por desvios do que por traçado reto, da tradição. Uma ‘semiose ilimitada’ (Peirce) ou ‘infinita’ (Eco), em que cada novo texto funcionaria como interpretante do fundo textual anterior, ao mesmo tempo em que o deslocaria para um novo plano produtivo”. Para McGann, os textos, além de variarem no tempo, variam de si mesmos quando se envolvem com os leitores que antecipam. Para Portela, a intertextualidade é a condição geral da textualidade enquanto possibilidade de leitura e possibilidade de escrita. Pessoa escreve: “por isso busco, por uma imitação de uma hipótese dos clássicos, figurar ao menos em uma matemática expressiva as sensações decorativas da minha alma substituída” (3-25r); Borges, na “Biografia de Tadeo Isidoro Cruz”, descreve “un libro que cuya matéria puede ser todo para todos (1 Corintios 9:22), pues es capaz de casi inagotables repeticiones, versiones, previsiones”; e Vila-Matas afirma, em “Alocución en Monterrey”, que “puede parecer paradójico, pero he buscado siempre mi originalidad de escritor en la asimilación de otras voces”. Com base nos marcos teóricos e no corpus, pretende-se mostrar como na produção poética leitura e escrita estão interligadas.

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