Escrever é Esquecer

Antologia de textos escritos por Fernando Pessoa e que tratam da própria atividade da escrita

«Neste livro, o poeta português que criou múltiplos eus através das letras reflete de maneira labiríntica sobre escrita e subjetividade, escrita e esquecimento, escrita e sensação. São 25 textos extraídos do Livro do Desassossego, a grande obra inacabada de Pessoa,  criada sob o heterônimo de Bernardo Soares. Mas o livro traz um diferencial inédito: os textos são atravessados por interferências gráficas feitas pelo próprio Pessoa, e que foram extraídas dos originais da obra. São rasuras feitas à mão ou à máquina de escrever, e que revelam as oscilações, vacilações, dúvidas e escolhas do autor. Dessa maneira, Escrever é Esquecer também mostra um pouco do próprio processo de criação de um dos maiores autores da língua portuguesa. Além disso, a obra traz alguns fac-símiles dos originais manuscritos por Pessoa, e que ficam semi-ocultos sobre as transparências das folhas (sendo que o leitor, se quiser, pode acessá-los rasgando as laterais das páginas).

Pensado como livro-objeto, a obra explora diversos tipos de papéis e uma encadernação alternativa, feita manualmente. Escrever é Esquecer teve organização do pesquisador hispano-argentino Diego Giménez, especialista na obra de Fernando Pessoa. Giménez é doutor em Literatura e Pensamento pela Universidade de Barcelona, onde defendeu tese sobre o Livro do Desassossego. Atualmente é pesquisador de pós-doutorado do Centro de Literatura Portuguesa da Universidade de Coimbra, em Portugal, onde trabalha diretamente com os arquivos pessoanos.

Escrever é Esquecer é a décima primeira publicação da Grafatório Edições, impressa na primavera de 2022. O livro foi editado por Felipe Melhado, teve design e produção gráfica de Pablo Blanco e Gustavo André, e assistência editorial de Júlia Bahls».

Com a presente edição, pretendemos justamente mostrar alguns dos trechos do Livro do Desassossego em que Fernando Pessoa reflete sobre a escrita e a criação, em um exercício de tornar real a irrealidade da vida. O leitor encontrará, desta forma, textos sobre a relação entre literatura e vida, escrita e subjetividade, e a dificuldade ou inutilidade de se finalizar uma obra. Também estão no livro textos sobre desdobramento, fingimento e identidade, nos quais Pessoa ensina como fazer da incerteza, do fracasso e da aversão, um modo de escrita.

Sobre o livro e o Grafatório:

“Com sede em Londrina, Paraná, o Grafatório é, como se pode ler no seu site, “uma associação cultural sem fins lucrativos, baseada em Londrina. O coletivo reúne pesquisadores, designers, artistas visuais e outros profissionais ou amadores que se interessam pelo abrangente universo das artes gráficas.” O catálogo do Grafatório, no qual é difícil indicar um livro ou objeto não colecionável, mostra bem o propósito de dar um passo atrás em relação ao devir digital das artes gráficas, recuperando segmentos importantes da tradição da tipografia a chumbo, para dar dois passos em frente, no sentido de uma tipografia pós-digital” (IEB, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra).

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